setembro 23, 2011

Review Teatral da Semana by Sensei

O Sensei que nunca mais ouça o Flip La Mérdia a dizer coisas do género:

- Ah e tal, o povo português não vai ao teatro!
- Ah e tal, não há apoios para o teatro nacional!
- Ah, faço peças muito elaboradas e melhores que as melhores que se fazem por esse mundo fora mas não há apoio e ninguém quer saber de teatro em Portugal!

Que o Sensei nem sonhe que ele ou outro qualquer anda a dizer que não há quem faça e quem veja teatro em Portugal!

O Sensei fez as contas e descobriu que diariamente há perto de 11 milhões de espectadores de teatro em Portugal! E esta situação dura há mais de 37 anos vejam bem! E mesmo assim vêm-se queixas de que não se gosta nem se vê teatro em Portugal?!

Só é estranho é termos estes 11 milhões de espectadores a ver a mesma peça de teatro há mais de 37 anos e mesmo assim ainda não se fartaram...o Sensei confessa que não é grande "fão" (masculino de fã) de teatro...principalmente desta peça e como tal está um bocado farto e já há muitos anos que não mete os pés na plateia para ver a peça e prefere ficar cá atrás a atirar tomates podres para o palco!

De qualquer das formas, e apesar de não gostar da peça, há que dizer que é uma peça extremamente bem encenada, que vai renovando uns actores de vez em quando mas consegue manter alguns actores com mais experiência para dar o devido enquadramento aos que vão chegando ao palco, a direcção artistica é perfeita e só há de vez em quando alguns problemas ao nível dos preços dos bilhetes que estão constantemente a subir sem que a qualidade dos actores se altere no mesmo sentido...

...no entanto, a direcção do teatro mete sempre uns rapazes e raparigas atraentes a distribuir amendoins, tremoços, queijadinhas e refrigerantes durante o espectáculo e vai mantendo o público satisfeito com estas ofertas de elevado valor calórico e, por conseguinte, mantendo o estômago aconchegadinho que é o que importa mesmo quando a peça não justifica claramente o preço do bilhete.

O enredo, apesar de básico na sua essência, torna-se extremamente complexo ao nível da quantidade de actores principais e de figurantes que vão estando em palco, com uma grande rotatividade de actores em alguns dos papéis de relevo. De forma resumida, a história gira em torno de uma mudança de regime político num país distante, de um planeta também distante numa galáxia mais distante ainda, tendo essa mudança aparente feito o povo acreditar que realmente passavam a controlar as suas vidas e o seu país.
No entanto tudo não passou de um muitissimo bem encenado golpe de teatro para aconchegar o estômago ao povinho quando na prática nada mudou, substituiram-se algumas cabeças por um conjunto mais alargado de cabeças...aparentemente escolhidas pelo povo mas que mais não eram que hologramas extremamente realistas controlados por um enorme processador central que respondia às ordens dos mesmos que sempre tinham mexido os cordelinhos das marionetas obsoletas e raquiticas que anteriormente apareciam como os líderes temiveis e ditatoriais.

O tempo esperado de vida desta peça já foi há muito ultrapassado em termos de manutenção da frescura e da vitalidade de alguns dos seus intervenientes, no entanto, como as meninas e os meninos que distribuem os aperitivos continuam a ser bastante atraentes e recorrentemente são introduzidas belas tramas adicionais na peça para atrair novamente a atenção dos espectadores mais inconformados pelo marasmo vigente, a peça lá continua em cena, os preços a subir, os amendoins a ficarem cada vez mais torrados e sensaborões e os hologramas cada vez mais desvanecidos e ultrapassados tecnologicamente. Como tal, a direcção introduziu recentemente o 3D no teatro por via da parceria com a reconhecida empresa de animação Troika&Troika Lda, e o sucesso, para já está a ser bastante animador, para referência basta dizer que os preços subiram ainda mais, já não há amendoins nem tremoços e as meninas foram substituídas por bonecas insufláveis usadas mas mesmo assim o público continua a comparecer religiosamente para a sessão diária...e o Sensei apesar de ter desviado o carregamento de tomates para a Tomatina das Festas de São Firmino continua a não ter companhia de teatro própria para os descarregar para cima do palco ou mais que não seja pelos cornos do público amorfo abaixo.

No entanto, como o Sensei não é pessoa de deixar os tomates por mãos alheias...vai continuar a lutar contra a manutenção desta peça de teatro...acho que é altura de passarmos a frequentar antes o cinema, parecendo que não...têm pipocas!

Abraços "anti-teatrais" do Sensei

1 comentário:

  1. Demais !!!! Excelente post/crónica, parabéns ! Mister Sensei no seu "quase" melhor que melhor,sim porque o Sensei vai mostrando os "best" talentos de Sensei, a conta gotas! Venham mais, vá lá !
    Lucyole

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